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Portuguese to Spanish: Novas diretrizes em tempos de paz General field: Art/Literary Detailed field: Poetry & Literature
Source text - Portuguese Cenário: sala na Imigração do Porto do Rio de Janeiro.
Época: década de 40, séc XX.
Segismundo está limpando as unhas nervosamente.
Clausewitz abre a porta com cuidado. Segismundo sinaliza para que ele entre.
Clausewitz entra e fecha a porta atrás de si. De fora, chega o apito rouco
e insistente de um cargueiro que se prepara para zarpar.
SEGISMUNDO –Por que isso sempre acontece comigo?...
(Para Clausewitz) Eu tenho que ir para casa depressa. Entende? Ordens. De lá de cima.
(Para si) Justo hoje esse sujeito me aparece?
Clausewitz reage à palavra “sujeito”.
Translation - Spanish Escena: una sala de Migraciones del puerto de Río de Janeiro.
Época: década del 40, siglo XX.
Segismundo se limpia las uñas, nervioso. Clausewitz abre la puerta, con cuidado. Segismundo le hace señas para que entre. Clausewitz entra y cierra la puerta. Afuera, suena la sirena ronca e insistente de un carguero que se prepara para zarpar.
SEGISMUNDO - ¿Por qué siempre me pasa lo mismo?... (A Clausewitz.) Ya me tengo que ir. ¿Me entiende? Son órdenes. De arriba. (Habla consigo mismo.) ¿Justo hoy me viene a caer este sujeto?
Clausewitz reacciona frente a la palabra “sujeto”.
Portuguese to Spanish: MEMÓRIAS DO CHUMBO ESPN General field: Social Sciences Detailed field: Cinema, Film, TV, Drama
Source text - Portuguese MEMÓRIAS DO CHUMBO
EPISÓDIO 1 - ARGENTINA
Começa áudio do comunicado número um, ver link abaixo:
(áudio entra inteiro-ilustra com foto do general Videla, pode ser com a foto do link mesmo, parada e legendas. No auto da imagem, acima das legendas de tradução, centralizado, botar a data: 24/3/1976)
Saindo disso, sequencia de sonoras:
Sonora Ercilia Pensado, fita 1, com 29.49- "em setembro de 75, o golpe foi 76, os chefes das 3 armas, com comando de Videla, se reuniram para determinar qual era esse projeto, para planificar a desaparição forçada para criar o terror. Isso está documentado" com 30.17
Sonora Ezequiel, fita 2, com 23.16- "em 24 de março de 76 tivemos o mais sangrento e cruel golpe da Argentina, e se você revisa os comunicados desse dia, 24 de março, dizia-se: 'comunicado número 1, proibe-se reunião nas ruas. Comunicado numero dois, proibe-se fazer greve, comunicado numero 3, proibe-se legislar, proibe-se, proibe-se...No comunicado numero 23, dizia-se: autoriza-se. E o que se autorizava-se? Autorizava-se as transmissões de partida de futebol da seleção argentina que a Argentina jogava nesse dia, na Polonia, contra a Polonia. A partir desse mesmo momento, ficou claro que a ditadura sabia do que se tratava o futebol" com 24.18
Sonora Villa, fita 3, com 06.46- "Incrível como o governo militar nos usou, politicamente o mundial, o que significava o acontecimento, a ditadura e todo governo por aí busca o apoio no esporte e futebol, que são populares. Creio que governo militar usou para distrair de coisas mais profundas" com 07.21
Sonora Graciela Daleo, fita 5, com 01.00 - "quando se deu o mundial de 78 já estava em pleno império do estado terrorista, já estava sequestrada aqui na ESMA. Eu fui sequestrada em 18 de outubro de 1977" com 01.15
Sonora 'Glorinha 1', com 11.18- "o adido militar da embaixada lá eu soube que perguntaram se ele queria ver tortura do meu filho" com 11.30
Sonora Houseman, fita 5, com 46.24- "não somos campeões da ditadura, nós. Eu me sinto campeão do mundo, joguei para a Argentina, não joguei para os milicos e seu soubesse o que acontecia no país, não jogava o mundial, me retirava, eu pessoalmente, Houseman" com 46.42
MILHARES DE DESAPARECIDOS.//
500 CENTROS DE DETENÇÃO E TORTURA.//
500 BEBÊS SEQUESTRADOS E ENTREGUES COMO BUTIM DE GUERRA AOS ASSASSINOS DOSPAIS.//
TRINTA MIL MORTOS.//
TRINTA MIL MANEIRAS DE SE CONTAR A HISTÓRIA DESSES TEMPOSDE GENOCÍDIO, HORROR E ESTUPIDEZ PARA QUE ...
NUNCA MAIS. //
ESSES OLHOS PODEM RESUMIR OS ANOS DA BARBÁRIE .//
OS ANOS DO CONDOR.//
(cobrefrase acima, a partir de 'esses olhos...' com imagens atuais do olha de Mariana Zafaroni, fita 4, com 17.50)
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 3, com 44.22- "meus pais eram uruguaios, eram do sindicato dos trabalhadores, quando começa a ditadura no Uruguai vieram para a Argentina, e quando começa a ditadura na Argentina, eu tinha poucos meses e sequestraram nós 3 e nos levam a um centro de detenção, de onde sou levada por um pai que me criou" com 45.03
(pode entrar no fim da sonora, só quando ela fala em 'centro de detenção', imagens do centro de tortura, fita 3, com 24.42 e 25.10, podem seguir um pouco depois da sonora até entrar a outra sonora)
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 3, com 45.05- "Se desconhece o destino, se suspeita que foram levados a um voo clandestino para o Uruguai e que teriam sido assassinados mas não há nenhuma prova disso." Com 45.20
(aqui vai entrar imagem do documento que fala do translado do pai de Mariana, segue depois.)
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 3, com 45.21 "Bom, eu sou levada pelos meus pais de criança e adotada, obviamente de maneira ilegal e me trocaram o nome, a data de nascimento, e no ano 83, 84, quando retorna a democracia na Argentina, começa a aparecer na televisão e cartazes gráficos tudo o que foi a busca de minha família biologica, ajudadas pelas mães da praça de maio, que estavam começando a organizar-se e de maneira mais pública na democracia e em toda publicidade e cartazes, aparecia minha foto quando era bebe, e minha familia de criança me dizia que era uma familia que estava buscando uma nenem mas que essa nenem não era eu. " com 46. 29
EM 1983, SURGE UMA DENÚNCIA ANÔNIMA PARA UMA ORGANIZAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS COM SEDE EM SÃO PAULO:MIGUEL ANGEL FURCI, MEMBRO DA SECRETARIA DE INFORMAÇÃO DO ESTADO TINHA UMA FILHA DE SETE ANOS COM AS MESMAS CARACTERÍSTICAS DO BEBÊ DA FOTO.//
E A MULHER DELE JAMAIS HAVIA SIDO VISTO GRÁVIDA.//
UMA AVÓINICIA LUTA QUE EMOCIONA A ARGENTINA:
SEM TRÉGUAS, MARIA ESTER GATTI SE DEDICA EM TEMPO INTEGRALA PROVAR QUE DANIELA FURCI, A FILHA DO MILITAR, É O BEBÊ DA FOTO: MARIANA ZAFFARONI, SUA NETA, FILHA DE JORGE ZAFFARONI E MARIA EMILIA, DESAPARECIDOS EM 1976, AMBOS COM 23 ANOS.// (pode entrar aqui reprodução documento Jorge zaffaroni)
EXPRESSIVA, FORTE, A FOTO VIRA O SÍMBOLO DAS MANIFESTAÇÕES NO PAÍS.//
MAIS FORTE AINDA É AQUELA AVÓ, QUE NÃO RECUA MESMO DIANTE DAS DIVERSAS FUGAS E MUDANÇAS DE PAÍS DOS APROPRIADORES DE MARIANA.//
DEZ ANOS DEPOIS DE IDENTIFICAR SUA MARIANA EM DANIELA, MARIA ESTER, JÁ COM 77 ANOS, FINALMENTE GANHA A CAUSA, APÓS EXAME DE DNA.//
(a partir daqui, vamos fazer uma fusão entre os olhos da criança da foto e o da entrevistada. Sai da criança e funde pro atual. Fita 4 Uruguai tem boas imagens dos olhos da foto de criança).
A HISTÓRIA VIRA UM FILME NA ARGENTINA.// O NOME? "POR ESSES OLHOS". POR ESSES OLHOS A AVÓ DEDICARA UMA VIDA.//
POR ESSES OLHOS, ESTAVAREFLETIDA A MEMÓRIA DE UM TEMPO ESTÚPIDO.//
UMA OUTRA LUTA COMEÇAVA...
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 3, 50.38- "aos 17 me restituem minha identidade, me tiram o documento que tinha até o momento com o nome de Daniela e me dá o verdadeiro, de Mariana" com 50.54
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 3, com 48.04 (checar esse TC, entra em 'demorou muitissimo"):
"demorou muitissimo e foi bastante complicado e dificil porque eu não tinha muito interesse de escutar o que tinham para me contar. A sensação que eu tinha nesse momento era que tinham vindo arruinar minha vida, contando-me algo que de alguma maneira terminava com a felicidade que eu conhecia até esse momento, de uma vida tranquila, feliz" com 48.44
48.45- "De alguma maneira eu desejava culpar eles. Demorou bastante tempo para eu entender que o que eles fizeram era o que teria feito qualquer pessoa em seu lugar e que era bom para mim também. Isso levou bastante tempo. Compreender" com 49.02
SE POSSÍVEL FOR IMAGINAR UMA ESCALA PARA MEDIR VIOLAÇÕES AOS DIREITOS HUMANOS, HISTÓRIAS COMO A DE MARIANA E DE TODOS OS BEBÊS APROPRIADOS NA ARGENTINA DAQUELES ANOS COMPÕE A SÍNTESE, O TRAÇO MAIS SUJO DE UMA GUERRA SUJA: CRIANÇAS DISTRIBUÍDAS AOS VENCEDORES.//
CONDENADAS A AMAR OS ASSASSINOS DE SEUS VERDADEIROS PAIS.//
NESSEAFETO CRIADO ENTRE A CRIANÇA APROPRIADA E O APROPRIADOR RESIDE A MAIS CRUEL DAS PERMANÊNCIAS: SUBTRAIR O SONHO MAIOR DA ESPÉCIE: CONTINUAR, SEGUIR NO PRÓPRIO FILHO.//
O SEU FILHO TERÁ VÍNCULOS E TRAÇOS DO SEU ASSASSINO.//
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 3, com 57.57- "as vezes os vejo sim. Tenho um vinculo, não tão assiduos como antes mas tenho um vínculo" com 58.07
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 3, com 58.12- "não é como era antes mas tampouco mal...O fato de poder ter tido participação, senão nos meus pais biológicos mas em outros casos, isso está no meio da relação" com 58.49
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 3, com 55.08- "É um ponto bastante complicado porque eu tenho a ideia, não sei se é demasiado racional, ou se quero convencer-me que, especialmente meu pai de criança não teve a ver com a morte de meu pai biológico. Minha mãe de criança com certeza porque não tinha nada a ver com as forças repressivas, nem sabia o que estava acontecendo no país, era uma pessoa que vivia a margem do que estava passando e eu sei que ela sequer imaginava de onde vinha eu nem qual era a história de meus pais. Mas meu pai de criança sim, trabalhava nas forças de segurança mas, bem, ele me jura, me contrajura, que não teve nada a ver com a morte de meu pai e eu acreditei porque me custaria muito olhar para ele pensando que podia ter a ver. Talvez algum dia eu mude a forma de pensar e crer que ele teve a ver, não sei, mas hoje, creio nisso. E digo que creio nisso porque me faz menos danos também pensar assim" com 56.33
(atenção porque o TC virou, essa sonora abaixo,04.54, no cartão é depois da anterior mesmo):
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 3, com 04.54- "se eu tratar de ter visão objetiva, e isso me ocorreu, é uma das facetas não só cruéis, como mais perduráveis, porque se cria uma geração de crianças...não sei como explicar...A luta não termina só com aniquilar os pais como também reeducar os filhos pelo medo talvez de que sigam pensando como pensam...Não sei se em todos os casos se fez com essa intenção, eu creio que no meu não porque não sentia assim. Tive a sorte de que os pais que me trataram de criança a mim me trataram muito bem, tive infância feliz, me quiseram muito, mas podem dizer...te enganaram, te ocultaram, que é certo, mas me senti querida. Também teve casos de apropriadores, que além de fazer o que fizeram com os pais, também maltrataram, isso é absolutamente indescritível, porque...que mais? Me parece que é uma continuação do dano, sobretudo aos meninos que não conhecem sua história, 35 anos depois todavia seguem" com 06.54
CASADA, MÃE DE TRÊS FILHOS, ADVOGADA, MARIANA RECONSTRUIU SUA VIDA.//
A TEMPO DA AVÓ TER A CERTEZA DE QUE A LUTA DE TODA UMA VIDA POR AQUELES OLHOS VALEU A PENA.//
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 3, com 53.06- "Não posso te dizer 'foi aqui me assumi, Mariana', foi muito lento. Todos esses anos, desde que me interei, até que pudesse construir um vínculo mais afetivo com minha família. Foi uma maneira tão lenta, tão progressiva e tão espontanea que nenhum passo para assumir minha verdadeira identidade foi abrupto, foi obrigado, foi traumático. Não é um momento em que eu digo 'agora sou Mariana, não sou Daniela'. Todos meus amigos seguiram me chamando de Daniela porque conhecia há muitos anos e não me chamavam de outra maneira. Antes me incomodava, agora não me incomoda. Antes, há muitos anos, quando me chamavam de Mariana, me molestava, não gostava, mas agora ao contrário, não me molesta nem uma coisa nem a outra. Não é que há um momento em que eu diga, bem agora sou Mariana ou mudei minha forma de pensar. Foi tudo um processo muito lento e gradual" com 54.36
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 3, com 01.49- "com minha avó foi especialmente complicado porque toda energia que teve para me encontrar, levaram-na, esta é uma opinião minha, a achar como seria que no momento em que me inteirei, e eu não cumpri com as expectativas dela porque toda essa busca, quando me inteirei, era como uma moléstia, eu não estava agradecida, eu não estava comovida" com 02.39
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 3, com 02.54- "depois a relação melhorou muitíssimo e chegamos a ter um vínculo muito melhor mas tampouco chegamos a ter uma relação de avó e neta porque ela vivendo no Uruguai e eu aqui, ela velhinha, mas virou carinho, e me surpreendeu quando ela faleceu, a quantidade de gente que se cercou, a quantidade de gente no funeral, me fizeram tomar consciência do que havia feito" com 36.07
A MATERNIDADE FOI FUNDAMENTAL NESSE PROCESSO DE RECONSTRUÇÃO.//
COMO A AVÓ, NOS MOMENTOS MAIS DIFÍCEIS DA CONSTRUÇÃO DOS ELOS AVISARA.//
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 3, com 10.10- "Creio que quando Mariana for mãe vai entender um montão de coisas, e tinha razão. Não sei especificamente o que se entende mas tem-se uma capacidade para se por no lugar do outro que quando se está só, não " com 10.32
Sonora com Mariana Zafaroni, fita 4, com 10.58- "E aí pude compreender a posição de minha familiabiologica, que antes não me interessava. Depois pude correr um pouco do meu lugar para o lugar deles. " com 11.22
HÁ TRÊS ANOS ATRÁS FINALMENTE PÔDE OLHAR PARA TRÁS E BUSCAR TODOS OS ELOS DO QUEBRA-CABEÇA DE SUA VIDA.//
QUERIA SABER DOS PAIS QUE NÃO CONHECEU.//
SEUS PAIS.//
ENVIOU AOS AMIGOS DELES O SEGUINTE CORREIO ELETRÔNICO: "QUERO CONHECER MEUS PAIS. E COMO SÓ POSSO RECONSTRUIR-LOS, PEÇO A VOCÊS QUE LHES CONHECERAM QUE ME APROXIMEM...//
COISAS PEQUENAS, GRANDES, IMPORTANTES, MÍNIMAS...
LAMENTAVELMENTE NÃO TENHO DELES NENHUMA RECORDAÇÃO.//
Sonora com Mariana Zaffaroni, fita 3, com 07.21- "eu tive a sorte que um companheiro de militância dos dois decidiu contar a história deles em um livro a partir de testemunhos de companheiros, de família, de amigos e pude conhecer muito mais profundamente a história deles, como eram, quem eram, o que pensavam, muito mais do que outros meninos, e é muito interessante a história deles. Não posso compartir o que acreditavam mas não posso deixar de admirar a valentia e a coragem que tiveram, com o convencimento de que aquilo era o correto" com 08.24
PARA JORGE RAFAEL VIDELA,UM DESAPARECIDO É ALGO ABSTRATO.//
UMA INCÓGNITA.//
Link para áudio de Videla falando sobre desparecidos e usar legendas.
HTTP://www.elortiba.org/sounds/videlades.mp3
"Que é um desaparecido? Enquanto este como tal, é uma incógnita o desaparecido. Se reaparecesse, teria um tratamento X, e se o desaparecimento se tornar na certeza do seu falecimento teria um tratamento Z. Mas enquanto seja desaparecido não pode ter nenhum tratamento especial, é uma incógnita, é um desaparecido, não tem entidade, não está, nem morto nem vivo, está desaparecido"
PARA QUEM CONVIVE COM O DESAPARECIMENTO DE ALGUÉM QUERIDO, ESSA AUSÊNCIA É PRESENÇA DIÁRIA. //
CONCRETA.//
Sonora Ercilia Pensado, fita 1, com 21.15- "meu marido era fisico, docente da universidade de laplata, e uma noite, 30 de novembro de 76, não vou entrar em detalhes porque é duro, e o levaram. " com 02.41
Sonora Ercilia Pensado, fita 1, com 02.43- "o levaram e até hoje não sei onde, quando e como o mataram. Estou fazendo uma investigação mais minuciosa, através da gente que o viu num campo de concentração"
Sonora Ercilia Pensado, fita 1, com 26.41-"Não exatamente em que momento, mais ou menos 25 anos depois, por uma lógica, esses tipos te obrigam a matar-lo. Você sempre tem uma esperança. Que pode achá-lo, que apareça, que estava escondido, que esteve enlouquecido e apareceu em qualquer lado, sempre se tem uma esperança porque nunca tem concreto nada. Mas chega um momento em que por lógica ele tem que estar morto, então até esse nível de crueldade chegaram. Nos obrigam a matar dentro da gente. Nós os matamos. Porque se fico achando que meu marido está vivo, o mais seguro é que o mataram...Não se sabe quando , como e onde. " até 27.46
28.23-um olhar expressivo, vale usar.
Podemos usar umas imagens, sobe sons para quebrar um pouco:
07.24- a partir daqui, boa imagem madres com cartazes, linha fundadora -privilegiar imagens linha fundadora
12.01- boa imagem de madre com cartaz de desaparecidos
11.57-discurso na praça: "seguimos com a recordação dos desaparecidos" usar só esse sobe som mesmo.
Sonora Ercilia Pensado, fita 1- Aqui o TC de entrada não é exato, acho que algo como 35.00- Entra na frase:- "Porque seguimos todas as quintas aqui? Por que queremos resposta. Isso é muito louco!" até 35.11
Sonora Ercilia Pensado, fita 1, com 35.17- "uma resposta do que fizeram com nosso parente. Uma resposta sana para ter uma vida normal. " com 35.30- (depois da frase segue com expressão dela até 35.30)
HISTÓRIAS INTERROMPIDAS NOS MELHORES ANOS.//
VIDAS EM PLENITUDE...
47.10- a foto de fredericogerardoLunden, o marido, cobre esse off pequeno.
45.44- pergunta- 'quando se passa por algo assim, não se passa um dia sem pensar na pessoa ou no fato?
Sonora Ercilia Pensado, fita 1, com 46.00- "o que passa é não se necessita pensar ou acordar. Isso está com a gente. É parte de mim. É parte de minha vida. " com 46.25
Sonora Claudio Morresi, fita 1, com 54.58 (aproximado, entrar em): "A desaparição de uma pessoa é uma morte constante e diária, que por mais que depois de muitos anos, começamos a crer, que haviam matado, durante muito tempo não, então era como uma morte diária. A angústia se reproduzia dia a dia. Isso é o mais angustiante. Isso é o mais cínico que teve a ditadura militar. " com 55.51-
Sonora Claudio Morresi, fita 1, com 56.23- "Isso é a covardia grande dos autores, que poderiam ter a ombridade de dar a informação " com 56.48
Necessita explicação na legenda: "Cláudio Morresi, ex-jogador de futebol, teve o irmão assassinado. Atual Ministro de Esportes da Argentina".
10.06- fotos ele e o irmão podem ajudar.
Sonora fita 'Glorinha 1', com 01.24- "as pessoas sumiam. Tanto os presos como as famílias. Era comum nas visitas faltar alguém da família de um preso. " com 01.38
CASOS DE BRASILEIROS PRESOS NA ARGENTINA, VÍTIMAS DA OPERAÇÃO CONDOR
FORAM FREQUENTES.//
Sonora 'Glorinha 1', com: 00.27-"Meu filho morava em Paris. A mulher dele teve problema em São Paulo, foi morar em Paris, se conheceram, namoraram, coisa de jovem. Aí foram pro Chile, Argentina, e na Argentina foram presos, os dois. E ficaram presos de 75 a 77, quase dois anos. E eu estive lá praticamente o tempo todo porque era perigoso deixar lá e não ter família porque, a situação era dificílima." Com 01.23
UM SILÊNCIO CÚMPLICE DA DITADURA BRASILEIRA MARCOU ESSAS PRISÕES.//
Sonora 'Glorinha 1', com: 03.46- "Isso tudo depois de ser torturado, da embaixada do Brasil não ter feito absolutamente nada...Porque o normal quando tem um brasileiro preso é ir alguém do consulado ou embaixada. Foram depois..isso no começo. No começo e depois, porque a embaixada foi ausente. " com 04.19
Sonora 'Glorinha 1', com: 04.47- "depois de ser torturado, foi pra prisão em La Plata, ele e a moça numa prisão onde as mulheres tinham filhos e depois de 6 meses iam não se sabe pra onde, e o que aconteceu é que ele sumiu, foi não se sabe pra onde.Eles não respondia. Ninguém sabia onde estava. Quase enlouqueci, porque matar, aquilo acontecia o tempo todo, sumiam com as pessoas. Vim ao Brasil, tinha que fazer alguma coisa. Fui a Dom Eugenio e ele mandou ir ao planalto. Meu marido tinha trabalhado com Castelo, e eu fui. Fui ao SNI e fui ao general Golbery. Ele não me atendeu. Localizaram onde ele estava. Localizaram numa prisão do sul. 5 ou 6 horas de viagem, não " com 07.18
Sonora 'Glorinha 1', com: 21.39- "Das piores coisas que passei, guardo e não me esqueço. Fui visitar Armando Falcao. Marquei. Este homem me recebeu em pé, na sala. Não me mandou sentar. Me recebeu com uma cara. Foi uma das piores coisas que me aconteceu foi aquela visita ao Armando Falcão. Ele foi de uma frieza, um horror. As pessoas tem que entender que eu tava como mãe. Não era terrorista, era mãe. Igual me aconteceu, podia ser com filho dele. Não tinha o direito de me receber em pé. Eu contei, ele disse 'sim senhora', quase me interrompeu. Era um horror aquele homem" com 23.14
Sonora 'Glorinha 1', com: 25.08- "teve gente que ...nao vale a pena guardar rancor, não se botou no meu lugar...E eu era mãe, tava ali de mãe, mas as pessoas não tinham o menor respeito" com 25.45
Sonora 'Glorinha 1', com: 35.55- "Eu assisti um monte de gente sumir. Isso foi muito difícil" com 36.04
Sonora 'Glorinha 1', com: 36.42- "Era um horror a Argentina. Eu vi tudo de perto. Tudo o que falam não é exagero. É tudo e muito mais. " com 36.56
BANHADA DE SANGUE E ENVOLVIDA EM ESCANDÂLOS, A DITADURA ENXERGA A COPA DO MUNDO DE 1978 COMO UMA GRANDECHANCE DE REVERTER TAL IMAGEM.//
Sonora Ezequiel, fita 2, com: 24.19- "em algumas investigações que fiz sobre o mundial de 78, e na primeira reunião que fez a junta, o almirante massera, que era o que tinha mais ambições politicas, então era o que mais ia utilizar o futebol, porque sabia que podia servir como um trampolim para sua carreira, O almirante Massera disse a Videla que 'há que se fazer o mundial'. Total vai custar uns 70 milhões de dolares. O mundial acabou custando uns 700 milhões, mas desde esse momento ficou claro que queriam fazer o mundial. Porque o plano de repressão estava muito instalado já, e havia que contrapor as denúncias que iam começar a circular no exterior, que a ditadura assassina, encarcera" com 25.18
Sonora Ezequiel, fita 2, com: 25.19- "Então inventaram um slogan, na verdade em 79, mas ficou famoso com a ditadura. O que dizia? 'Os argentinos são direitos e humanos'. Que justamente estavam as denuncias contra os direitos humanos. Então diziam que os argentinos são direitos e humanos. E esse slogan foi muito forte. E o mundial 78...vou juntar, botar mundial 78 e o 79, no Japão, sub-20, com Maradona como lider dessa equipe. São dois mundiais. A Argentina se jactava de ser a melhor, mas nunca ganhavamos. Era uma mentira que aqui se inventava! Eramoscampeoes morais sempre, mas em 78 e 79, eramoscampeoes a serio, pela primeira vez nos maiores e juvenis. Aí se aproveitou a ditadura. Aí entrou muito forte a campanha 'somos direitos e humanos', aí se mostrava um povo feliz, que festejava. Então quando se dizia que na Argentina há um povo que sofre, há campos de concentração, nada podia se crer. "com 26.44
DISPUTAS POR PODER E DINHEIRO, CORRUPÇÃO E ASSASSINATOS ENTRE OS MILITARES MARCAM OS BASTIDORES DA COPA DO MUNDO.//
Sonora Ezequiel, fita 2, com: 38.15- "Massera queria ele ficar com o Mundial. Massera era da Marinha. Na Argentina, o exercito sempre foi a principal arma. O exercito designa o general Actis para que se encarregue do ente autartico do mundial 78. O ente autartico se encarregava de tudo da organização do mundial. Porque a ditadura quis uma intervenção na AFA e Havelange disse que não se pode intervir na federação do pais que vai fazer o mundial. Então puseram um civil na AFA, e para lidar com o Mundial criaram um ente autartico. Actis será o homem que responde a Videla. Era amigo de Videla. Era da mesma camada de Videla. Era general austero, vai discutir algumas das exigencias da Fifa, estadios modernos...Este pais não é cinco estrelas, temos problemas economicos, vamos adaptar as exigencias da Fifa as exigencias do pais" com 39.33
Sonora Ezequiel, fita 2, com: 39.34- "Ele tinha essa visão. A visão de Massera era outra. Há que se cumprir com tudo da Fifa, mostrar pais moderno, cinco estrelas, vamos esconder os pobres, mostremos o melhor da Argentina. " com 39.45
Sonora Ezequiel, fita 2, com: 39.47-" e nessa disputa exercito/marinha, quando Actis vai ser apresentado a imprensa, é assassinado. E sempre se disse que o crime foi cometido pela guerrilha. Naqueles anos podia ser possivel, tamos falando de 77. " com 40.08
Sonora Ezequiel, fita 2, com: 40.52- "havia entre eles mesmos fortes suspeitas, de que Actis pode ter sido assassinado por Massera, e não foi casual que cai Actis e designam outro general no lugar, o general Merlo, mas o general Merlo é um títere, não tinha a personalidade de Actis, e o homem forte do mundial passa a ser o Almirante Lacoste. Quem era Lacoste? Lacoste era um braço direito de Massera. Era homem de Massera" com 41.19
Sonora Ezequiel, fita 2, com: 40. 18 (aproximado)entrar aqui: - " no ano de 82, fiz as primeiras investigações sobre o mundial, e já encontrei fortes suspeitas, indicios, e me recordo de uma conversa que tive com um alto militar da ditadura, há 5 anos, General Vilarreal, que era o secretário da presidencia, como o militar politico da ditadura, e ele mesmo me contou que essas suspeitas tinham uma razão de ser " com 40.51
Sonora Ezequiel, fita 2, com: 41.20- "E Lacoste era homem de muitissima confiança de Havelange, chega a vice da Fifa. E em 83, ao fim da ditadura, Lacoste segue na fifa, e começam a surgir questionamentos na imprensa sobre, e Havelange vai a Grondona e diz que se tirar Lacoste vão ter problemas" com 42.03
Sonora Ezequiel, fita 2, com: 42.04- "inclusive Lacoste teve que justificar na justiça argentina o incremento de seu patrimonio, o homem enriqueceu na ditadura. E um dos testemunhos que teve foi do próprio Havelange, que disse que lhe emprestou dinheiro para comprar casa em Puntadel Leste em Uruguai. Tal era o vinculo entre os dois. Creio que Lacoste abriu a porta dos negócios para a Fifa, e a Fifa abriu a carreira politica. A fifa não se meteu, e Lacoste abriu as portas, e nesse acordo mútuo, perdeu a Argentina" com 42.56
INTERNAMENTE, CENSURA EREPRESSÃO IMPUNHAM UM VÉU DE SILÊNCIO SOBRE O GENOCÍDIO QUE SE AMPLIAVA.//
EXTERNAMENTE, CRESCIA A PRESSÃO CONTRA AREALIZAÇÃO DE UMA COPA DO MUNDO EM MEIO A CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO, TORTURAS E ASSASSINATOS.//
A AMEAÇA DE MUDANÇA DE SEDE DIANTE DAS DENÚNCIAS INTERNACIONAIS TORNAVA-SE CADA VEZ MAIS REAL.//
UMA TROCA DE JOÃO HAVELANGE COM A DITADURA ARGENTINA BOTOU UM PONTO FINALNOS RUMORES E GARANTIU A COPA DE 1978 NA ARGENTINA.//
SEMPRE EXISTIRAM RUMORES SOBRE O AVAL FINAL DE HAVELANGE.//
TRINTA E QUATRO ANOS DEPOIS, A HISTÓRIA IRÁ SE CONFIRMAR.//
Sonora 'Glorinha 1', com: 08.16- "a copa ia ser na Argentina. Mas o mundo todo contra porque sabia dos horrores da Argentina. Então pairava uma dúvida se ia haver ou não. Então papai lembrou, por que você não fala com o Havelange? Eu fui no escritório dele, contei o caso e o Havelange falou: deixa comigo. Então ele fez um trato com o Videla: o Videla, general, tava dependendo de uma aprovação do Havelange, porque eles queriam a copa lá. Aí o Havelange negociou isso com ele e eles acabaram saindo. Mandou gente pra acompanhar o casal." Com 09.16
Sonora 'Glorinha 1', com 09.56- "vocês tão querendo a copa aqui mas uma das coisas vamos tirar o casal daqui. E tirou. Depois ele mandou um rapaz, trabalhava na Adidas, que ele foi lá e acompanhou o casal" com 10.12
O ATO CONTÍNUO DA AÇÃO DE HAVELANGE EM SALVAR UMA VIDA FOI A OMISSÃO DIANTE DE TODAS AS OUTRAS PERDIDAS.//
COM O ETERNO ARGUMENTO DO MANDATÁRIO DA FIFA DE QUE NÃO SE MISTURAVA COM POLÍTICA, A COPA DA ARGENTINA FOI REALIZADA.//
DURANTE OS 25 DIAS DE COPA, 65 PESSOAS FORAM ASSASSINADAS OU DESAPARECERAM.//
ATRÁS DESSAS ÁRVORES ESTÁ AESCOLA DE MECÂNICA DA ARMADA, ESMA.//
O MAIOR CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO CONTINENTE, NO CORAÇÃO DE BUENOS AIRES.//
ALI, A SETECENTOS METROS DO MONUMENTAL DE NUNHEZ, O CAMPO DO RIVER PLATE, ENQUANTO HOMENS E MULHERES ERAM TORTURADOS, ASSASSINADOS OU RETIRADOS PARA OS VOOS DA MORTE, OUVIA-SE O BARULHO DA TORCIDA E A COMEMORAÇÃO DOS GOLS.//
(cobre esse pedaço: fachada da esma, carros passando na frente normalmente, detalhes da esma, e quando falarmos da distância, as imagens em movimento da câmera indo de um para o outro para dar noção de distância)
A PROXIMIDADE QUASE INDISSOLÚVEL ENTRE A DITADURA E O MUNDIAL DEIXOU MARCAS PARA SEMPRE NA CONQUISTA.//
OS ÚNICOSCAMPEÕES DO MUNDO QUESTIONADOS DA HISTÓRIA DAS COPAS.//
PROVAVELMENTE MUITO MAIS COBRADOS POR AQUELES TEMPOS DO QUE A MAIOR PARTE DA SOCIEDADE.//
Sonora Ricardo Villa, fita 3, com 05.10- "É injusto que nós, campeões do mundo de 78, tenhamos que carregar e explicar coisas que não sejam futebolisticas. E creio que não temos o mesmo reconhecimento do que os campeões do mundo de 86 porque tem essa polêmica." Com 05.30
Sonora Rene Houseman, fita 5, com 40.56- "depois nos inteiramos, depois de tudo acontecer, mas isso não tira méritos da Argentina, e o campeão foi Argentina" com 41.06
Sonora Rene Houseman, fita 5, com 41,20- " o campeonato foi legitimo, nem Videla bateu pênalti, nem Massera cabeceou, nem Agostini, que eram os homens da junta militar. Entrávamos em campo e fazíamos o impossível para ganhar para nosso país e não para os que estavam ordenando nesse momento a matança que não sabíamos, estes homens nefastos " com 41.53
Sonora Ezequiel, fita 2, com: 29.18- "A crítica que eu poderia fazer a esses jogadores é que poderiam revisar um pouco mais essa história. Porque por nada eu poderia dizer que foram cúmplices. Me recordo imagens de 36, braços erguidos a Hitler, aqui não houve dedicatórias a Videla, não houve genuflexão a ditadura, inclusive os jogadores recordam sempre o discurso de Menotti, prévio a final, 'quando saiam ao campo, saudem a la gente. Ali vai estar o seu pai, o padeiro, o eletricista, vai estar o vizinho...Saudem a la gente'. Menotti lhes estava dizendo, 'não saudem a Videla, saudem a la gente', porque futebol não é de Videla, futebol é de la gente'. " com 30.18
Sonora Ricardo Villa, fita 3, com 11.27- "cesar é um técnico espetacular, não porque me fez campeão do mundo e sim os conceitos, a ideia humana. Cesar dizia: 'joguemos por la gente. La gente é dona do futebol, joguemos por ele. É uma festa e merecem'. Estavamos convencidos que não podiamos fracassar por la gente, essa era a mensagem primeira, e temos que jogar com la gente gosta, o bom jogo, a associação de jogadores com a bola, estavamos muito motivados e com muita preocupação também porque o fracasso continuava a etapa ruim da argentina. O mundial, quando se ganhou, saiu todo mundo a festejar, coisa que não tinha imaginado nunca. Eu vivia muito perto do estádio do River, demorei 3 horas pra chegar em casa, não se podia caminhar, isso imagina o que era. Existia uma repressão, não podia se reunir em grupos e la gente saiu a rua e isso é 'imborrable', essa sensação, la gente vinha e se acercou de nós, e foi uma festa total" com 13.10
Sonora Rene Houseman, fita 5, com 42.13- "Menotti sabia o que acontecia e dizia que jogássemos para a gente e para que la gente saia contente" com 42.22
Sonora Ezequiel, fita 2, com: 30.19- "A mim me pareceu discurso muito interessante. E me faz tomar distância quando alguém diz que o futebol foi cúmplice." com 30.38
Sonora Ricardo Villa, fita 3, com 03.11- "Era um futebolista que queria sair campeão do mundo e não estava muito interiorizado da política do momento. A opinião era muito escassa, era somente uma parte, e não se sabia muito. Parece tonto hoje com a comunicação, as redes sociais quando isso não existia. Hoje se diz como não me dei conta? Na verdade, não tinha, só quando viajava a Europa, direitos humanos no aeroporto, e vinha resposta oficial, 'estão querendo nos desprestigiar porque vamos fazer o mundial'...e ficava nisso. Na verdade lamento muito não ter me dado conta, mas havia informação muito escassa" com 04.26
Sonora Ezequiel, fita 2, com: 30.52-" jamais poderia dizer cúmplice como em um momento foi dito, e isso sentem que não foi justo, e talvez essa acusação que foi feita tanto tempo, pesou tanto, que me parece que dificulta a eles ajudar a ver juntos esse passado " com 31.14
Sonora Rene Houseman, fita 5, com 40.00- "os jogadores não sabiam nada que acontecia no país, os assassinatos, eu te digo sinceramente, se eu soubesse de uma pequena parte do que acontecia no país, renunciava a seleção" com 40.18
Sonora Ricardo Villa, fita 3, com 06.23- "A mim me parece, olhando para trás, impossível tudo o que ocorreu e que eu não tinha ideia do que passava, me sinto até muito mal..." com 06.31
ASSIM COMO FAZEM OS JOGADORES DO CHILE E URUGUAI DE SELEÇÕES DOS TEMPOS DE DITADURAS, BOA PARTE DOS ARGENTINOS CAMPEÕES DO MUNDODE 78 ESCOLHERAM O CAMINHO DA CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA PARA LIDAR COM O PASSADO.//
E PARA QUE FINALMENTE POSSAM TER O LUGAR NA HISTÓRIA QUE MERECEM: O JUSTO RECONHECIMENTO COMO QUALQUER CAMPEÃO DO MUNDO.//
QUANTAS VEZES FOR PRECISO, RELEMBRAM AQUELES DIAS.//
FALAM.//
CONTAM.//
REMEXEM O PASSADO PARA QUE NO FUTURO, NUNCA MAIS...//
Sonora Ricardo Villa, fita 3, com 09.50- "Não tem que que desconhecer o tema. A mim não me causa nenhuma sensação feia, ao contrária, me causa boa sensação como humano" com 10.11
Sonora Ricardo Villa, fita 3, com 07.30- "Gosto, digo que cada vez que se fala no tema, parece que não tenho culpa, não me dei conta. Não quero pedir desculpa, não me sinto culpado de nada, mas sim explicar a gente o que sinto e o que sentia naquele momento. Para mim era muito importante a carreira futebolistica, um titulo de campeão do mundo, um montão de coisa que faz o futuro. Nasci futebolista e queria continuar essa carreira, e o mundial 78 me deu muito prestigio, e realmente foi um logro muito importante. Desgraçadamente havia a situação política que havia na Argentina e hoje temos que falar, dar nosso ponto de vista e a mim particularmente me faz muito bem" com 08.35
Sonora Ricardo Villa, fita 3, com 05.31 "A mim me faz bem às vezes falar porque não tenho nada que ocultar porque me pareceu época politica muito ruim e o único que pretendo é que não haja mais governos autoritários com todos os males que fizeram. Não pude fazer nada, nem sei de que forma podia lutar mas me parece que nos serve de experiência que falemos do tema, que demos nossa opinião me parece fantástico, a mim, para arredondar, digo: nunca mais! Nunca mais o engano, a tortura, tudo o que significou aquela época. " com 06.22
Sonora Rene Houseman, fita 5, com 46.11- "todos queremos que nunca mais aconteça. "
NUNCA MAIS!!! //
NUNCA MAIS O GENOCÍDIO, NUNCA MAIS CAMPOS DE CONCETRAÇÃO, NUNCA MAIS A APROPRIAÇÃO DE BEBÊS DOS VENCIDOS COMO BUTIM DE GUERRA, NUNCA MAIS SENHORES DA VIDA E DA MORTE.//
Sonora Graciela Daleo, fita 5, com 01.39- "nesses 15 meses dentro da ESMA passei pelo que passamos os milhares de sequestrados e em todos os campos de concentração desse país que tinham a ver com a condição de sequestrada. A certeza no meu caso de que a qualquer momento podia ser o último e que ia ser assassinada" com 02.13
05.05- "nós somos os donos da vida e da morte. Aqui ninguém vive quando quer ou se morre quando quer. E quando cada um ouvia, cada vez que diziam, que estavam falando de minha sentença de morte,que meu destino era a morte" com 05.26
05.26- "com os anos entendi que não era casual o uso desses termos, a vida e a morte. Porque entendi também que se faz falta muito poder para decidir a morte de milhares, mais ainda para decidir que alguns viveriam, mas não só isso, mas como deveríamos viver essa vida que nos 'presenteavam' porque a morte era um momento, a vida continuava " com 06.03
24.59- "Nesse marco era difícil esse transito de seguir vivendo, porque a cada quarta se lia a lista, os números de quem seria transladado e não tinham te levado. " com 25.20
26.57- "eu tinha pensado como ia me matar já que não tinha me matado antes como tentei quando me sequestraram e tantos outros fizeram, eu tinha uma pastilha de cianureto, tentei agarrar no bolso da camisa mas me agarraram e não pude tomar" com 27.16
24.17- "Por que não me matam? Que tremenda inversão implicou todo o processo genocida a quem viveu nesse grande campo de concentração que foi a Argentina, que não vivíamos a vida como um direito e sim um presente do repressor, e que o destino natural era a morte e não vinha, porque o que decretou a ditadura genocida é que havia uma morte decretada para todos e aquele que não matavam, era porque o poderoso decidia presentear-lhes a vida" com 24.58
20.05- "talvez uma pergunta mais tremendas, a qual sigo tendo respostas parciais, e algumas delas dão conta dessa reflexão, é por que estamos vivos, os que estão vivos? Porque sobrevivemos se a maioria de nós desapareceu? Uma pergunta, uma marca que me acompanhará até que morra, como a experiência de sobreviventes de outros grandes massacres, e incorporaram esse ponto de culpa, a culpa dos sobreviventes, que sobrevivem quando seus pares não sobreviveram. Estava dentro do campo de concentração e essa pergunta me atormentava muito. Algo mal estava fazendo para que não me matem." Com 21.23
29.14- " creio que a lógica, a razão de fundo, que me permitiu entender a mim e a tantos, por que existem sobreviventes, podemos construir de forma coletiva, refletindo junto e com outros que vinham de outras experiências, e assim logramos entender algo que de alguma maneira resumimos que parece uma formula mas não é, é profunda exploração do que foi o genocídio. Primeiro entendemos que as grandes matanças perpetradas desde os aparatos estatais, sempre existem sobreviventes. A pergunta era: por que? Encontramos que desde o desenho genocida estava contemplado exterminar o suficiente para impedir que essa prática se reproduzira. Estava contemplado também o extermínio simbólico das organizações a que pertencíamos" com 30.49
31.02- "mas também estava contemplado dentro desse plano, que alguns que haviam roçado a morte, atravessado a morte, que alguns ficassem vivos. Para que? Para que esses que ficassem vivos se multiplicassem esse terror clandestino e por isso nós, aqueles que tiveram sua condenação à morte suspensa, para que nos tornássemos multiplicadores do horror e predicadores do arrependimento. Porque quando nos deixavam diziam que calássemos porque o braço da marinha era longo. Falando ou calando, serão multiplicadores do horror e predicadores do arrependimento" com 32.13
NO MEIO DISSO TUDO, HOUVE UM 25 DE JUNHO DE 1978.//
PROVAVELMENTE O DIA MAIS MARCANTE DE UM TEMPO SURREAL.//
NO MONUMENTAL DE NUNHEZ, ARGENTINA CAMPEÃ DO MUNDO.//
A SETECENTOS METROS DALI, NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DA ESMA, PRISIONEIROS VIVIAM CENAS QUE HOJESOAM INVEROSSÍMEIS.//
COMO NA HISTÓRIA DE GRACIELA DALEO, QUE PARECE SAÍDA DE UMA PEÇA DE TEATRO DO ABSURDO.//
NO ENTANTO,ACONTECEU.//
ENQUANTO O MUNDO PARAVA PARA VER ARGENTINA X HOLANDA.//
07.42- "vimos a final do mundial, no quarto dos fundos, um grupo de prisioneiros, eu, igual ao resto, gritava os gols, quando terminou a partida, nós nos abraçamos, quase como se fosse um libreto preparado, subiu o terceiro piso o chefe da inteligencia da ESMA nesse momento, José Eduardo Acosta, e quando lhe vejo até hoje, inclusive no banco dos réus, me recordo o terror que esse assassino me provocava, entrou exultante gritando: 'Ganhamos'. Aos prisioneiros homens deu a mão, as mulheres deu um beijo. E quando escutei esse 'ganhamos' tive uma certeza: ' se eles ganharam, nós perdemos'. É algo que me caiu assim, como uma certeza indubitável.Foi, seguimos, vieram os guardas chamando alguns e avisando que iamos sair. E eu fui uma das selecionadas. Nos levaram aos automoveis, a mim me levaram a um peugeot 504 verde musgo, isso contei mil vezes mas cada vez que conto é como se voltasse a acontecer. Saimos, nesse veiculo iam dois repressores, um deles Antonio Febres, membro da prefeitura, era o que tinha a sua função as presas grávidas, e outro, Mendonza, oficial da armada, e não recordo quem mais. " com 10.01
10.02- "saimos da ESMA e fomos pela rua Republiqueta até a avenida Camilo. E quando chegamos a avenida Camilo, uma avenida importante de Buenos Aires, eu não podia acreditar no que estava vendo...Me remeteu de alguma maneira, aos maravilhosos momentos de mobilização massiva que viviamos em 73, outras, tinha estado muitas vezes nas ruas de Buenos Aires com milhares de companheiros, mas a gente que vinha na Avenida Camilo não gritava pela justiça ou 'se va, se va e nunca volveram' como gritavamos em 73, que os companheiros chilenos resistissem e nós iamos ajudar a resistir, não se estava celebrando nada, simplesmente gritavam Argentina, a Argentina que vivia em ditadura, havia resultado vitoriosa" com 11.31
11.32- "então nesse micromundo, nesse auto, sentia que me asfixiava, que a cabeça baixava, então pedi permissão para para Febres, que era o chefe da coluna, como eles diziam, que me deixasse parar para olhar. O carro tinha teto-solar e eu queria olhar. O tipo me autorizou e já olhando diretamente essa multidão, tive outra certeza, já tinha que se eles ganharam, perdemos, tive que se me ponho a gritar que sou uma desaparecida, ninguém vai me dar bola. E comecei a chorar e me sentei novamente. " com 12.24
TRAGADO PELA MULTIDÃO QUE VIBRAVA COM O TÍTULO MUNDIAL, O CARRO NÃO TEVE COMO SAIR DO LUGAR.//
A SOLUÇÃO DOS MILITARES DÁ CORES AINDA MAISFORTES A ESSE ENREDO KAFKIANO: DEIXAR O CARRO E IR PARA UM RESTAURANTE. //
TODOS JUNTOS À MESA, GENOCIDAS E CONDENADOS.//
13.18- "Nós, entre vítimas e sequestradores, éramos muitos, nos arrumaram uma mesa grande, habilitaram um salão porque tudo estava cheio, e nós...(É tremendo juntar nós a eles) cantávamos cantigas de mundial e novamente senti que não aguentava mais estando ali então perdi permissão para ir ao banheiro e me fechei só e peguei o batom" com 13.55
14.30- " e saquei o batom e comecei a escrever na parede: 'Massera assassino, milicos assassinos, viva losmontoneros' e escrevi isso até que acabou o batom. E quando acabei de fazer, sempre digo que nesse banheiro imundo me senti livre. Voltei a sentar na mesa e na mesa voltei a ser a prisioneira que era desde 008, que era desde 18 de outubro de 77, e comecei a pensar que se agora forem ao banheiro e verem que a mesma cor que está pintando a parede é meu batom, voltei a ter a sensação de que eram donos de minha vida e morte, e que eram donos de minha vida também" com 15.21
15.22- "Terminamos de comer, seguiram os cantos e depois nos devolveram a capucha, a lapisera, ao campo de concentração" com 15.34
17.20- "Bom, tive companheiros que foram celebrar e que separam essa festa popular, essa paixão que é o futebol, que as vezes se abstrai de todo o contexto, eu posso entender racionalmente mas há um pedaço de mim que resulta insuportável essa lembrança. Essa certeza que tive que estou vivendo, o que está passando com milhares, não vão me dar bola e a outra certeza é que esses filhos da puta não fazem nada grátis, não me levaram a mim e aos companheiros para que tivessemos esses momentos de compartilhar alegria, senão para mostrarmos: 'vejam, imbecis, vocês estão aqui dentro, mil como vocês não estão e as pessoas saem igual, festejam e estão contentes. E quando Videla, Massera e Agosti estão no campo do River e levantavam o dedo assim e as pessoas aplaudiam. E os jogadores de futebol chegaram a receber a copa das mãos deles. Recordo que sempre que chego a este ponto, me lembro que entre alguns de nós dissemos, não, seguro que os jogadores não chegaram a dar a mão, a Videla, a Massera. A verdade é que não sei o que passou e devo ter visto pela televisão milhares de vezes e o filme me detém aí, quando os jogadores chegam diante dos três membros da ditadura e está a copa ali e não sei se deram a mão. Oxalá não tenham dado. A verdade é que não sei e tantos anos depois, sigo sem saber, creio que porque não quero saber como foi esse ponto de contato entre eles" com 19.21
Translation - Spanish
MEMORIAS DE LOS AÑOS DE PLOMO
....\....
EL FÚTBOL EN LOS TIEMPOS
DEL CÓNDOR.
....\....
Al agregado militar...
...\....
me enteré de que
le preguntaron...
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si quería ver cómo lo
torturaban a mi hijo.
....\....
[Miles de desaparecidos.
....\....
[500 centros de detención
y tortura.
....\....
[500 bebés secuestrados,
entregados como...
....\....
[botín de guerra a
los asesinos de sus padres.
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[30.000 muertos.
....\....
[30.000 maneras de contar
la historia...
....\....
[de esos tiempos de genocidio,
horror, estupidez...
....\....
[para que nunca más.
....\....
[Esos ojos pueden resumir
los años de la barbarie...
....\....
[los años del Cóndor.]
....\....
[En 1983 surge una denuncia
anónima a una organización...
....\....
[de derechos humanos con
sede en San Pablo.
....\....
[Miguel Ángel Furci, miembro
de la Secretaría...
....\....
[de Información del Estado
tenía una hija...
....\....
[de siete años con
las características...
....\....
[del bebé de la foto.
....\....
[Y a su mujer nunca la vieron
embarazada.]
....\....
[Una abuela empieza la lucha
que emociona a Argentina.
....\....
[Sin treguas,
María Ester Gatti...
....\....
[dedica todo su tiempo para
probar que Daniela Furci...
....\....
[la hija del militar...
....\....
[es el bebé de la foto:
....\....
[Mariana Zaffaroni,
su nieta...
....\....
[hija de Jorge Zaffaroni
y María Emilia...
....\....
[desaparecidos en 1976,
ambos de 23 años.]
....\....
[Expresiva, fuerte...
....\....
[la foto se vuelve símbolo...
....\....
[de las manifestaciones
en el país.
....\....
[Más fuerte es la abuela que
no da un paso atrás...
....\....
[frente a las fugas
y mudanzas de país...
....\...
[de los apropiadores
de Mariana.]
....\....
[Diez años más tarde
de identificar...
....\....
[a su Mariana en Daniela...
....\....
[María Ester, de 77 años...
....\....
[gana la causa, luego de
un examen de ADN.]
....\....
[Se hace una película con
esa historia en Argentina.]
....\....
[¿Cómo se llama?
“Por esos ojos”.
....\....
[Por esos ojos la abuela
dedicó una vida.]
....\....
[Por esos ojos estaba
reflejada la memoria...
....\....
[de un tiempo estúpido.]
....\....
[Empezaba una nueva lucha.]
....\....
[Si se pudiera imaginar
una escala para medir...
....\....
[violaciones a los
derechos humanos...
....\....
[historias como
la de Mariana...
....\....
[y de todos los bebés
apropiados...
....\....
[en la Argentina de
esos años...
....\....
[son la síntesis...
....\....
[el trazo más sucio de
una guerra sucia.
....\....
[Niños distribuídos a los
ganadores.]
....\....
[Condenados a querer a
los asesinos...
....\....
[de sus verdaderos padres.]
....\....
[En el afecto que surge entre
el niño apropiado...
....\....
[y el apropiador reside la más
cruel de las permanencias.
....\....
[Sustraer el mayor sueño
de la especie:
....\....
[continuar, seguir
en el propio hijo.]
....\....
[Y su hijo tendrá vínculos
y trazos de su asesino.]
....\....
[Casada, madre de tres hijos,
abogada...
....\....
[Mariana reconstruyó su vida.]
....\....
[A tiempo de que la abuela
estuviera segura...
....\....
[de que la lucha de toda una
vida por esos ojos...
....\....
[valió la pena.]
....\....
[Hace tres años pudo mirar
hacia atrás y buscar...
....\....
[las piezas del rompecabezas
de su vida.
....\....
[Quería saber sobre
los padres que no conoció.
....\....
[Sus padres.
....\....
[Les mandó a sus amigos
un correo electrónico...
....\....
[“QUIERO CONOCER A MIS PADRES.
....\....
[Y COMO SÓLO PUEDO
RECONSTRUIRLOS LES PIDO...
....\....
[A USTEDES QUE LOS CONOCIERON
QUE ME APROXIMEN...
....\....
[COSAS CHIQUITAS, GRANDES...
...\....
[IMPORTANTES...
....\....
[MÍNIMAS...
....\....
[LAMENTABLEMENTE NO RECUERDO
NADA DE ELLOS.]
....\....
[Para Jorge Rafael Videla
un desaparecido...
....\....
[es algo abstracto,
una incógnita.]
....\....
[Para quien convive con
el desaparecimiento...
...\....
[de alguien querido,
esa ausencia...
....\....
[es presencia diaria,
concreta.]
....\....
[Historias interrumpidas
en sus mejores años...
....\....
[vidas en su plenitud.]
....\....
[Cuando uno pasa
por algo así...
....\....
[¿no hay un día que no se
piense...
....\....
[en la persona querida
o en eso?]
....\....
CLAUDIO MORRESSI,
EX JUGADOR DE FÚTBOL...
....\....
TUVO UN HERMANO ASESINADO.
....\....
La gente desaparecía.
....\....
Tanto los presos como
las familias.
....\....
Era común que en las visitas
que uno iba...
....\....
en las filas faltara alguien...
....\....
de la familia de un preso.
....\....
[Casos de brasileños presos
en la Argentina...
....\....
[víctimas de la Operación
Cóndor fueron frecuentes.
....\....
Mi hijo vivía en París.
....\....
Su mujer tenía un problema...
....\....
tuvo un problema en Brasil,
en San Pablo.
....\....
Fue para allá, se conocieron,
noviaron...
....\....
y los dos, cosas de jóvenes,
se fueron a Chile.
....\....
De Chile fueron a
Argentina.
....\....
Y allí fueron presos los dos.
....\....
Y estuvieron presos...
....\....
del 75’ al 77’,
casi dos años.
....\....
[Un silencio cómplice de
la dictadura brasileña...
....\....
[fue el marco de
esos encarcelamientos.]
....\....
Lo normal cuando hay
un brasileño preso...
....\....
es que vaya alguien del
Consulado o de la Embajada.
....\....
Fueron después de lo sucedido
y fueron conmigo...
....\....
todo muy por arriba,
¿me entiende?
....\....
Realmente...
....\....
Eso al principio.
....\....
Al principio y más tarde...
....\....
la Embajada estuvo ausente,
casi me vuelvo loca.
....\....
Porque matar era lo que
hacían todo el tiempo.
....\....
Matar y desaparecer
a la gente.
....\....
Entonces vine a Brasil,
tengo que hacer algo, dije.
....\....
Fui a ver a Dom Eugênio Sales
el Cardenal que ya sabía...
....\....
porque yo había conversado
antes...
....\....
y me dijo que me fuera
al Planalto.
....\....
Fui a Brasilia.
....\....
Mi marido había trabajado
con Castelo Branco...
....\....
fue su jefe de ceremonial...
....\....
y ese grupo del Planalto
todavía era...
....\....
gente conocida nuestra.
....\....
Fui al Planalto, al SNI, para
que localizaran a mi hijo.
....\....
Fui al General Golbery...
....\....
Fui a buscar a su secretaria.
....\....
Ella me atendió, él no.
....\....
Y me mandó a un General
del SNI...
....\....
que coincidentemente conocía.
....\....
De lo peor que pasé y
de eso no me olvido...
....\....
fui a ver a Armando Falcão,
Ministro de Justicia.
....\....
Este hombre me recibió
de pie en la sala.
....\....
Se quedó parado y no me
invitó a sentarme.
....\....
Me recibió de pie y yo
me quedé de pie.
....\....
Con una cara malhumorada
me escuchó y dijo “todo bien”.
....\....
Se despidió, fue de las
peores cosas que me pasaron...
....\....
esa visita a Armando Falcão.
....\....
Tuvo una frialdad...
....\....
fue un horror.
....\....
Porque la gente debía entender
que yo estaba allí como madre.
....\....
Yo no era terrorista,
no era nada.
....\....
Era madre. Así como me pasó
podía pasarle a su hijo.
....\....
Él no tenía el derecho
de recibirme de pie.
....\....
Él de pie y yo de pie.
....\....
Le conté, mi hijo esto,
lo otro, sí señora...
....\....
hasta luego, casi que
me interrumpió...
....\....
un horror ese hombre.
....\....
Yo vi desaparecer
mucha gente.
....\....
Eso fue muy difícil.
....\....
Argentina era un horror.
....\....
Realmente. Todo lo que dicen
no es una exageración.
....\....
Vi todo de cerca.
....\....
Es mucho más que lo que
dice todo el mundo.
....\....
Mucho más.
....\....
[Bañada en sangre y
envuelta en escándalos...
....\....
[la dictadura ve al Mundial
de 1978 como una chance...
....\....
[de revertir tal imagen.]
....\....
[Disputas por poder y dinero,
corrupción...
....\....
[y asesinatos entre
los militares...
....\....
[son el marco de
los bastidores del Mundial.]
....\....
[Internamente censura
y represión imponían...
....\....
[un manto de silencio sobre
el genocidio que se ampliaba.
....\....
[Externamente crecía
la presión...
....\....
[contra la realización
de un mundial...
....\....
[en medio de campos de
concentración...
....\....
[torturas y asesinatos.
....\....
[La amenaza de cambio de sede
frente a las denuncias...
....\....
[internacionales era cada vez
más real.
....\....
[Un encuentro de
João Havelange...
....\....
[con la dictadura argentina
puso fin a los rumores...
....\....
[y garantizó el mundial
de 1978 en Argentina.
....\....
[Siempre hubo rumores sobre
el aval final de Havelange.
....\....
[34 años más tarde
la historia se confirma.]
....\....
El mundial iba a ser
en Argentina.
....\....
Pero casi todo el mundo
estaba medio en contra...
....\....
porque sabía los horrores
que pasaban en Argentina.
....\....
Entonces rondaba la duda
si se hacía o no.
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Mi papá me dijo que por qué
no hablaba con Havelange.
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Y fui al Centro, a su oficina,
le conté y Havelange...
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me dijo que él se encargaba.
Hizo un trato con Videla...
....\....
el presidente, el general,
de Argentina, dependía...
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de una aprobación de Havelange
para hacer el Mundial...
....\....
y querían el Mundial allá.
....\....
Y Havelange negoció eso
con él y ellos salieron.
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Mandó gente para la salida,
para acompañar a la pareja.
....\....
¿Ustedes quieren
el Mundial acá?
....\....
Una de las cosas es sacar
a esta pareja de acá.
....\....
Y la sacó. Después mandó
a un muchacho...
....\....
que trabajaba con él, creo
que en Adidas...
....\....
no me acuerdo
en cuál de esas...
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que fue y acompañó
a la pareja.
....\....
[El acto seguido a la acción
de Havelange...
....\....
[de salvar una vida fue
la omisión frente...
....\....
[a todas las demás perdidas.
....\....
[Con el eterno argumento
del mandatario de la FIFA...
....\....
[de no meterse en política...
....\....
[el mundial de Argentina
se realizó.]
....\....
[Durante los 25 días
del Mundial...
....\....
[65 personas fueron
asesinadas o desaparecieron.
....\....
[Detrás de esos árboles está
la Escuela de Mecánica...
....\....
[de la Armada, ESMA.
....\....
[El campo de concentración
más grande del continente...
....\....
[en el corazón
de Buenos Aires.
....\....
[Allí, a 700 metros del
Monumental de Núñez...
....\....
[la cancha de River Plate...
....\....
[mientras hombres y mujeres
eran torturados, asesinados...
....\....
[o retirados para
los vuelos de la muerte...
....\....
[se escuchaba a la hinchada
festejando los goles.]
....\....
[La proximidad casi
indisoluble...
....\....
[entre la dictadura
y el mundial...
....\....
[dejó marcas para siempre
en la conquista.]
....\....
[Los únicos campeones
del mundo cuestionados...
....\....
[en la historia
de los mundiales.
....\....
[Tal vez mucho más
cuestionados...
....\....
[en esos tiempos que
la mayoría de la sociedad.]
....\....
[¡Nunca más! Nunca más
un genocidio.
....\....
[Nunca más campos
de concentración.
....\....
[Nunca más la apropiación
de bebés de los vencidos...
....\....
[como botín de guerra.
....\....
[Nunca más señores de la vida
y la muerte.
....\....
[En medio de todo eso,
hubo un 25 de junio de 1978.
....\....
[Quizá el día más
significativo...
....\....
[de un tiempo irracional.
....\....
[En el Monumental de Núñez,
Argentina campeona del mundo.
....\....
[A 700 metros de allí...
....\....
[en el campo de concentración
de la ESMA...
....\....
[prisioneros vivían escenas
que hoy suenan inverosímiles.
....\....
[Como la historia de
Graciela Daleo...
....\....
[que parece salida de una obra
de teatro del absurdo.
....\....
[Sin embargo, sucedió.
....\....
[Mientras paraba el mundo
para ver Argentina-Holanda.
....\....
[Devorado por la multitud
que vibraba...
....\....
[por el título del mundo...
....\....
[el auto no pudo salir
del lugar.
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[La solución de los militares
da colores más fuertes...
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[a ese conflicto kafkiano:
....\....
[dejar el auto e ir a
un restaurant.
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[Todos juntos a la mesa,
genocidas y condenados.
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LEGENDAS
LESOUND-SONOMEX
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*END*
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*CODE*
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Graduate diploma - Universidad Nacional de La PLata
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Years of experience: 14. Registered at ProZ.com: Jul 2012.